Moto Z3 Play: a evolução é tímida, mas os Snaps tentam compensar
Em algum momento, nós pensamos que smartphones modulares seriam o futuro. Esse futuro não chegou, e o mais perto que temos disso é a linha Z, da Motorola, com seus Moto Snaps que encaixam na traseira dos celulares e acrescentam funções como alto-falantes melhores, bateria maior, projetor e até mesmo uma impressora de fotografias. Porém, isso tudo é apenas um complemento; o celular continua sendo o mesmo. Daí a necessidade de atualizar a linha constantemente e, ao mesmo tempo, garantir a compatibilidade com os módulos.
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O Moto Z3 Play chegou no começo de junho deste ano para atualizar o que os Snaps não mudam. Ele tem tela maior, processador mais potente e duas câmeras na traseira como principais novidades. E como ele ficou? Usei o aparelho por duas semanas e conto aqui como ele se comporta.
Design
A Motorola não tinha muito o que fazer com o design do Moto Z3 Play. Afinal de contas, ele precisava ser compatível com os módulos das gerações anteriores, ou uma grande parte do propósito do aparelho estaria perdido. Portanto, as alterações foram mínimas. A tela cresceu na vertical, aderindo à proporção 18:9, o novo padrão da indústria.
Os cantos do display agora são arredondados — não muda muita coisa na hora de usar, mas tem seu charme.
Com a tela maior e o logo da Motorola na borda inferior do aparelho, não sobrou espaço para o leitor de impressões digitais, que foi parar na lateral direita. É uma localização que me agrada bastante, pois não ocupa espaço na parte dianteira e não fica escondido na parte traseira. Dá para usar quando o celular está sobre a mesa, o que é ótimo. A localização me pareceu boa para o polegar da mão direita ou para o indicador da mão esquerda, o que deve agradar a destros e canhotos. O único problema que encontrei foi me lembrar que o sensor estava ali na hora de colocar o smartphone no bolso — por várias vezes, eu desbloqueei a tela sem querer na hora de guardar.
Se o leitor de digitais foi para a direita, algum dos botões teve que se mudar. A configuração escolhida pela Lenovo/Motorola foi deixar os de volume ali na direita e passar o bloquear/ligar para a esquerda — é o inverso do que a Samsung costuma fazer, por exemplo.
Particularmente, eu não gostei. Eu aperto bem mais o botão de desligar a tela do que os de volume e preferiria que ele estivesse ao alcance do meu polegar direito. Além disso, o botão é bem duro para apertar dobrando a pontinha do indicador. Sem contar que ter o leitor de digitais e o botão de ligar e desligar em lados opostos me parece pouco intuitivo. Enfim, eu detestei a escolha.
Aliás, o Moto Z3 Play como um todo deixa a desejar em termos de ergonomia. A proporção 18:9 (ou até mais alongada, como alguns 18,5:9 e 19,5:9 que vemos por aí) tem como grande vantagem não deixar as telas muito largas, fazendo com que uma parte considerável delas esteja ao alcance do dedão. Mas não é o que acontece com este aparelho.
As 6 polegadas de tamanho acabam tornando difícil o uso com uma mão só. Alcançar o botão de voltar, por exemplo, é bem chato. A traseira é plana, o que também dificulta a pegada e dá a impressão de que o celular vai cair da mão a qualquer momento. O peso também parece mal distribuído, pendendo para a parte de cima do aparelho. Basta ver os outros modelos mais recentes da marca para encontrar designs melhores. O Moto G6 Plus, por exemplo, não passa de 5,9 polegadas de tela e tem a traseira curvada.
Claro, como eu disse, não tinha muito o que Motorola fazer: é um caso de forma seguindo a função, com a conexão com os módulos determinando como o aparelho deve ser. Só que, se você não vai colocar nenhuma das bugigangas para acrescentar funções ao celular, terá um sacrifício no conforto e na usabilidade por nada. Talvez um daqueles anéis que grudam na traseira possa ser útil nesse caso.